A poesia é linda.
Ela está no detalhe das coisas.
Num canto de um sorriso.
Num dedo fechado.
Ela não precisa de muito para ser.
Nós é que somos egocêntricos
e desejamos tudo na vida.
Ela, não.
A poesia é suave,
é como uma manhã de sol
banhada por uma brisa fresca.
É um benquerer.
Ela vai fundo nos olhos bonitos
vai densa em almas recônditas
vai fácil no coração do poeta
que se apaixona pelas suas próprias palavras.
E também é ela tudo.
A todo momento.
É a poeira embaixo do forno
é o cotovelo ralado.
Também não precisa ser definada.
Não se mede por limites,
não se localiza numa dada época,
nem obriga conteúdos.
A poesia é liberdade.
É libertação.
É o estado máximo de infinito
que uma alma pode atingir.
A poesia embaralha a cabeça,
enguiça o coração,
fragiliza quem a escreve.
Ela é exigente.
Exige atenção.
Exige madrugadas perdidas em claro,
com aquele desejo absurdo de escrever,
mas a falta de um conteúdo para ser escrito.
O que? A lua? O céu? O Amor?
Ah, isso tudo já foi!
E depois? Mais é preciso!
Não podem haver limites...
A caneta, a tinta, o teclado, a tela...
O poeta nunca está em silêncio.
Sua mente também é imensidão,
é a essência das coisas.
A poesia é um ato de luta,
a busca da liberdade
contra o preconceito social
contra o próprio preconceito.
Ela vive encrustada na alma do poeta,
inunda o quotidiano.
Brotam árvores, desejos, cores,
flores, momentos antigos...
A poesia tem um gosto.
Cada palavra vai além de seu significado.
Cada conteúdo é deslimitado.
Ele não pode ter fim.
A semântica poética é alternativa.
As palavras são exatamente o que elas querem ser
no momento que desejarem.
Não se fecham em dicionários.
A poesia é um vício.
Mais que um desejo: obrigação.
É uma alegria indescritível
que sustenta vidas inteiras.
Caio Mello
09/06/2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
quarta-feira, 8 de junho de 2011
O leão bom bom
O leão bom bom
anda leão
O leão bom bom
anda leão
anda assim bem devagar
anda ainda meio rápido
que passa no vagar
O leão bom bom
passa a sua juba
o povo agradece
acena pras crianças
O leão bom bom
pense que pense
que bom bom bom
O leão bom bom
vai passandinho
passa perto do ninho
chega mais o minininho
O leão bom bom
dá um beijo na testa!
granharaúdos
o povo aplaudindo
O leão bom bom
e grama ali verdinha
péantepé sim
O leão bom bom
tem porte de rei
é o dono da lei
O leão bom bom
é bondoso com os amigos
e rugidoso com outros
e vem aqui passando
passando no ando
eu ando quando
até quando?
seu leão, té quando?
O leão bom bom
não tem pressa
é ele também
o senhor de todo tempo
foi o homem besta
que inventou o relógio
O leão bom bom
não liga pra isso, não
quem é sábio
é bom à beça
e nem que se peça
se dá de graça
O leão bom bom
escova os dentes
com a pasta da Colgate
e posa pra propaganda
sai pra balada
abraçado com o ganso
com o pato e o ronaldo
o marcos ficou em casa
O leão bom bom
namora todas as leoas
e de vez em quando
também namora
as gatinhas da cidade
O leão bom bom
é a flor da idade
o tronco de superman
o tórax definido de aço
o busto de júlio-cesar
e coração de mil
poetas tudo junto
O leão bom bom
já viveu muita coisa
nessa vida
e ganhou cicatrizes
toda mulecada sempre
quer passar o dedo
por cima das cicatrizes
O leão bom bom
não se preocupa
isso não dói nada, não
e a águas passadas
não movem moinhos
só afogam passarinhos
e esses é que deviam
aprender a nadar sozinhos
O leão bom bom
tenta ajudar a todos
os animais do mundo
da floresta do deserto
do saara da amazônia
da corrente de humboldt
do evangelho de jesus nosso senhor
O leão bom bom
é muito bom mesmo
é meu povo eu digo
queria ser desde pequenino
todo mundo queria ser que nem
O leão bom bom
Caio Mello
08/06/2011
anda leão
O leão bom bom
anda leão
anda assim bem devagar
anda ainda meio rápido
que passa no vagar
O leão bom bom
passa a sua juba
o povo agradece
acena pras crianças
O leão bom bom
pense que pense
que bom bom bom
O leão bom bom
vai passandinho
passa perto do ninho
chega mais o minininho
O leão bom bom
dá um beijo na testa!
granharaúdos
o povo aplaudindo
O leão bom bom
e grama ali verdinha
péantepé sim
O leão bom bom
tem porte de rei
é o dono da lei
O leão bom bom
é bondoso com os amigos
e rugidoso com outros
e vem aqui passando
passando no ando
eu ando quando
até quando?
seu leão, té quando?
O leão bom bom
não tem pressa
é ele também
o senhor de todo tempo
foi o homem besta
que inventou o relógio
O leão bom bom
não liga pra isso, não
quem é sábio
é bom à beça
e nem que se peça
se dá de graça
O leão bom bom
escova os dentes
com a pasta da Colgate
e posa pra propaganda
sai pra balada
abraçado com o ganso
com o pato e o ronaldo
o marcos ficou em casa
O leão bom bom
namora todas as leoas
e de vez em quando
também namora
as gatinhas da cidade
O leão bom bom
é a flor da idade
o tronco de superman
o tórax definido de aço
o busto de júlio-cesar
e coração de mil
poetas tudo junto
O leão bom bom
já viveu muita coisa
nessa vida
e ganhou cicatrizes
toda mulecada sempre
quer passar o dedo
por cima das cicatrizes
O leão bom bom
não se preocupa
isso não dói nada, não
e a águas passadas
não movem moinhos
só afogam passarinhos
e esses é que deviam
aprender a nadar sozinhos
O leão bom bom
tenta ajudar a todos
os animais do mundo
da floresta do deserto
do saara da amazônia
da corrente de humboldt
do evangelho de jesus nosso senhor
O leão bom bom
é muito bom mesmo
é meu povo eu digo
queria ser desde pequenino
todo mundo queria ser que nem
O leão bom bom
Caio Mello
08/06/2011
terça-feira, 7 de junho de 2011
Tubo
O infinito é o meu amor.
O pra sempre eterno,
efêmero enclausurado
nos meandros do que sou.
Um facho ascendente de luz
me desliza pela garganta
e grito docemente
os prazeres da vida.
Deixo-me estar
no meio do campo de batalha.
Sempre estive.
E coroou-me a vida com os louros grisalhos.
A diversão é o objetivo,
o maravilhamento do espectador.
A obra-prima, obra-minha,
carne viva e jogo de olhar.
O vermelho, o roxo, o verde,
o azul e o preto.
Conexos, juntos,
a girar perante o sol.
Gira cataventando o querer
meu desejar de peito amplo.
A vida maravilhosa
explode perante minha vista.
Meus olhos toscos.
Esse óculos torto,
míope mil vezes.
Sujo nas bordas.
As gotas correm pelo vidro
como pequenos insetos
bonitos que brilham
com a cor dos faróis.
Muitos insetos caem no chão.
Outros, voam alto.
Alçar voo é fácil.
É uma questão de liberdade.
Liberto-me, enfim,
num ato de despir-me
das roupas rotas e toscas
que carreguei com meus preconceitos.
E, sem saber, gerei um diminutivo.
É simples atuar.
Difícil é interpretar personagens.
Na vida real, basta calar-se diversas vezes.
E rir quando riem os outros.
Riem demais.
E afetadamente.
Mas isso fica pra outro conto.
Caio Mello
07/06/2011
O pra sempre eterno,
efêmero enclausurado
nos meandros do que sou.
Um facho ascendente de luz
me desliza pela garganta
e grito docemente
os prazeres da vida.
Deixo-me estar
no meio do campo de batalha.
Sempre estive.
E coroou-me a vida com os louros grisalhos.
A diversão é o objetivo,
o maravilhamento do espectador.
A obra-prima, obra-minha,
carne viva e jogo de olhar.
O vermelho, o roxo, o verde,
o azul e o preto.
Conexos, juntos,
a girar perante o sol.
Gira cataventando o querer
meu desejar de peito amplo.
A vida maravilhosa
explode perante minha vista.
Meus olhos toscos.
Esse óculos torto,
míope mil vezes.
Sujo nas bordas.
As gotas correm pelo vidro
como pequenos insetos
bonitos que brilham
com a cor dos faróis.
Muitos insetos caem no chão.
Outros, voam alto.
Alçar voo é fácil.
É uma questão de liberdade.
Liberto-me, enfim,
num ato de despir-me
das roupas rotas e toscas
que carreguei com meus preconceitos.
E, sem saber, gerei um diminutivo.
É simples atuar.
Difícil é interpretar personagens.
Na vida real, basta calar-se diversas vezes.
E rir quando riem os outros.
Riem demais.
E afetadamente.
Mas isso fica pra outro conto.
Caio Mello
07/06/2011
Objeto de análise
Ando louco.
Devora-me uma tentativa de definição,
sempre incompleta.
Parece-me que as bordas nunca estão certas
e, a cada noite,
a definição tranforma-se em novidade.
Esse delineamento que busco
sei ser impossível,
porém não posso abrir mão.
Pararam-me todas as outras palavras.
Calaram-se todos os outros verbos.
Já não penso.
Estou fraco, deserudito.
Meus olhos pesam hoje.
Não me vêm palavras à mente.
É só nisso que penso.
Como? Como? Como?
Quais vocábulos me serviriam agora?
Céu? Lua? Estrela? Lobo?
Deus? Dor? Imensidão?
Há tanto já dito
e, mesmo assim,
não me disseram nada.
Busquei no fundo da minha alma
a certeza que me coubesse.
Mas encontrei cicatrizes e calos.
Revirei um monte de colchões antigos
e encontrei aranhas recônditas.
Já carrego bastante coisa.
E o que carrego faz parte de minha definição agora.
O que defino altera-se a cada instante,
a cada suspiro, a cada sopro.
O sopro da vida, do barro ao homem.
Eu sou barro e bárbaro
e vou morrer barro.
Nem os meus sonhos mais possuem resposta
eles povoam-me com pássaros com estrelas
em seu estômago.
Mas ninguém me explica.
Ninguém define,
ninguém desmente.
No fundo, no fundo,
acho que sei por que não consigo
enquadrar uma só definição.
Na verdade, não quero definir.
Quero apenas ter mais tempo e mais desculpas
para pensar e nunca mais achar a volta.
Caio Mello
07/06/2011
Devora-me uma tentativa de definição,
sempre incompleta.
Parece-me que as bordas nunca estão certas
e, a cada noite,
a definição tranforma-se em novidade.
Esse delineamento que busco
sei ser impossível,
porém não posso abrir mão.
Pararam-me todas as outras palavras.
Calaram-se todos os outros verbos.
Já não penso.
Estou fraco, deserudito.
Meus olhos pesam hoje.
Não me vêm palavras à mente.
É só nisso que penso.
Como? Como? Como?
Quais vocábulos me serviriam agora?
Céu? Lua? Estrela? Lobo?
Deus? Dor? Imensidão?
Há tanto já dito
e, mesmo assim,
não me disseram nada.
Busquei no fundo da minha alma
a certeza que me coubesse.
Mas encontrei cicatrizes e calos.
Revirei um monte de colchões antigos
e encontrei aranhas recônditas.
Já carrego bastante coisa.
E o que carrego faz parte de minha definição agora.
O que defino altera-se a cada instante,
a cada suspiro, a cada sopro.
O sopro da vida, do barro ao homem.
Eu sou barro e bárbaro
e vou morrer barro.
Nem os meus sonhos mais possuem resposta
eles povoam-me com pássaros com estrelas
em seu estômago.
Mas ninguém me explica.
Ninguém define,
ninguém desmente.
No fundo, no fundo,
acho que sei por que não consigo
enquadrar uma só definição.
Na verdade, não quero definir.
Quero apenas ter mais tempo e mais desculpas
para pensar e nunca mais achar a volta.
Caio Mello
07/06/2011
Objeto de análise
Ando louco.
Devora-me uma tentativa de definição,
sempre incompleta.
Parece-me que as bordas nunca estão certas
e, a cada noite,
a definição tranforma-se em novidade.
Esse delineamento que busco
sei ser impossível,
porém não posso abrir mão.
Pararam-me todas as outras palavras.
Calaram-se todos os outros verbos.
Já não penso.
Estou fraco, deserudito.
Meus olhos pesam hoje.
Não me vêm palavras à mente.
É só nisso que penso.
Como? Como? Como?
Quais vocábulos me serviriam agora?
Céu? Lua? Estrela? Lobo?
Deus? Dor? Imensidão?
Há tanto já dito
e, mesmo assim,
não me disseram nada.
Busquei no fundo da minha alma
a certeza que me coubesse.
Mas encontrei cicatrizes e calos.
Revirei um monte de colchões antigos
e encontrei aranhas recônditas.
Já carrego bastante coisa.
E o que carrego faz parte de minha definição agora.
O que defino altera-se a cada instante,
a cada suspiro, a cada sopro.
O sopro da vida, do barro ao homem.
Eu sou barro e bárbaro
e vou morrer barro.
Nem os meus sonhos mais possuem resposta
eles povoam-me com pássaros com estrelas
em seu estômago.
Mas ninguém me explica.
Ninguém define,
ninguém desmente.
No fundo, no fundo,
acho que sei por que não consigo
enquadrar uma só definição.
Na verdade, não quero definir.
Quero apenas ter mais tempo e mais desculpas
para pensar e nunca mais achar a volta.
Caio Mello
07/06/2011
Devora-me uma tentativa de definição,
sempre incompleta.
Parece-me que as bordas nunca estão certas
e, a cada noite,
a definição tranforma-se em novidade.
Esse delineamento que busco
sei ser impossível,
porém não posso abrir mão.
Pararam-me todas as outras palavras.
Calaram-se todos os outros verbos.
Já não penso.
Estou fraco, deserudito.
Meus olhos pesam hoje.
Não me vêm palavras à mente.
É só nisso que penso.
Como? Como? Como?
Quais vocábulos me serviriam agora?
Céu? Lua? Estrela? Lobo?
Deus? Dor? Imensidão?
Há tanto já dito
e, mesmo assim,
não me disseram nada.
Busquei no fundo da minha alma
a certeza que me coubesse.
Mas encontrei cicatrizes e calos.
Revirei um monte de colchões antigos
e encontrei aranhas recônditas.
Já carrego bastante coisa.
E o que carrego faz parte de minha definição agora.
O que defino altera-se a cada instante,
a cada suspiro, a cada sopro.
O sopro da vida, do barro ao homem.
Eu sou barro e bárbaro
e vou morrer barro.
Nem os meus sonhos mais possuem resposta
eles povoam-me com pássaros com estrelas
em seu estômago.
Mas ninguém me explica.
Ninguém define,
ninguém desmente.
No fundo, no fundo,
acho que sei por que não consigo
enquadrar uma só definição.
Na verdade, não quero definir.
Quero apenas ter mais tempo e mais desculpas
para pensar e nunca mais achar a volta.
Caio Mello
07/06/2011
Objeto de análise
Ando louco.
Devora-me uma tentativa de definição,
sempre incompleta.
Parece-me que as bordas nunca estão certas
e, a cada noite,
a definição tranforma-se em novidade.
Esse delineamento que busco
sei ser impossível,
porém não posso abrir mão.
Pararam-me todas as outras palavras.
Calaram-se todos os outros verbos.
Já não penso.
Estou fraco, deserudito.
Meus olhos pesam hoje.
Não me vêm palavras à mente.
É só nisso que penso.
Como? Como? Como?
Quais vocábulos me serviriam agora?
Céu? Lua? Estrela? Lobo?
Deus? Dor? Imensidão?
Há tanto já dito
e, mesmo assim,
não me disseram nada.
Busquei no fundo da minha alma
a certeza que me coubesse.
Mas encontrei cicatrizes e calos.
Revirei um monte de colchões antigos
e encontrei aranhas recônditas.
Já carrego bastante coisa.
E o que carrego faz parte de minha definição agora.
O que defino altera-se a cada instante,
a cada suspiro, a cada sopro.
O sopro da vida, do barro ao homem.
Eu sou barro e bárbaro
e vou morrer barro.
Nem os meus sonhos mais possuem resposta
eles povoam-me com pássaros com estrelas
em seu estômago.
Mas ninguém me explica.
Ninguém define,
ninguém desmente.
No fundo, no fundo,
acho que sei por que não consigo
enquadrar uma só definição.
Na verdade, não quero definir.
Quero apenas ter mais tempo e mais desculpas
para pensar e nunca mais achar a volta.
Caio Mello
07/06/2011
Devora-me uma tentativa de definição,
sempre incompleta.
Parece-me que as bordas nunca estão certas
e, a cada noite,
a definição tranforma-se em novidade.
Esse delineamento que busco
sei ser impossível,
porém não posso abrir mão.
Pararam-me todas as outras palavras.
Calaram-se todos os outros verbos.
Já não penso.
Estou fraco, deserudito.
Meus olhos pesam hoje.
Não me vêm palavras à mente.
É só nisso que penso.
Como? Como? Como?
Quais vocábulos me serviriam agora?
Céu? Lua? Estrela? Lobo?
Deus? Dor? Imensidão?
Há tanto já dito
e, mesmo assim,
não me disseram nada.
Busquei no fundo da minha alma
a certeza que me coubesse.
Mas encontrei cicatrizes e calos.
Revirei um monte de colchões antigos
e encontrei aranhas recônditas.
Já carrego bastante coisa.
E o que carrego faz parte de minha definição agora.
O que defino altera-se a cada instante,
a cada suspiro, a cada sopro.
O sopro da vida, do barro ao homem.
Eu sou barro e bárbaro
e vou morrer barro.
Nem os meus sonhos mais possuem resposta
eles povoam-me com pássaros com estrelas
em seu estômago.
Mas ninguém me explica.
Ninguém define,
ninguém desmente.
No fundo, no fundo,
acho que sei por que não consigo
enquadrar uma só definição.
Na verdade, não quero definir.
Quero apenas ter mais tempo e mais desculpas
para pensar e nunca mais achar a volta.
Caio Mello
07/06/2011
domingo, 5 de junho de 2011
Emaranhado
É algo interrompido, desconexo. Não possui nem meio, nem fim. Apenas um começo. Um início deslumbrante e nunca acaba. Nunca mais. Essa sensação de infinito, de imensidão, de estrelas. Um pensar que subjuga as outras ideias, que impede nossa mente de fugir para onde desejam os tecidos.
Mas, também, é simples. Falho, com toda certeza. Bambo, amedrontado. São dois pés idênticos de uma pequena criança que arrisca seus passos iniciais. E será sempre um princípio. Vinte anos depois, ainda será um princípio. Terá junto aquela pele suave, aquele olhar brilhante, desejoso da vida.
É uma manhã de sol que brilha laranja, mas que ainda não fez despontar seu calor vindouro. Esse querer latente, sempre construtivo e nunca conclusivo. E o cheiro do orvalho faz-se doce aos ouvidos. Os troncos meandram-se, deslimitam,-se, retornam. Somos, sim, raízes invertidas.
Indelével, com certeza. Inegável também. E inconstante. Possessivo, delinquente, destemido, desmentido. Desejado bilateralmente, unilateralmente ou plurilateralmente. Concepção de asas abertas, desejosa de abarcar todos. É infame, cruel, sussurado ao pé dos loucos e ao abraço dos idosos.
É uma ode. Ou até uma elegia. É, ao mesmo tempo, o conteúdo perfeito para um soneto. Para infinitos sonetos, para a falta de lógica em suas definições. É a estupidez do homem tentando padronizar o intangível. Mas é impossível negá-lo! Não há como a poesia não encher-se dele, não compadecer-se dele, não subordinar-se a ele.
A poesia é inundada por ele. É o estofo macio do urso de pelúcia. Por caminhos nunca antes trilhados, pisamos nas pegadas de nossos antecessores. É verdadeiro somente quando falho. Quando cristal. Transparente, translúcido e ruboramente opaco. Pisca aos fins de semana.
Não é nada. Invenção do homem para vender mais chocolate nas datas festivas. Mero paliativo para não encararmos as mazelas sociais. Nem devia ser mais que isso. Já que é o mundo inteiro. É a poeira que se junta embaixo da cama por mais de um mês. É a mola quebrada que insiste em ranger. É o sorvete. É o cachecol. Parafusos também.
E a obrigação faz-se latente. Que me perdoem as colunas gregas. Erro, sei. Mas justifico-me pela condição humana na qual me encontro. Escuso-me nos meandros de meu próprio sangue. Limito-me apenas pela minha capacidade de escolher as palavras certas, pois liberto-me para dizer o que quero, como quero e quando quero. E, assim, as palavras abrem sorriso. Porque foi para exatamente isso que elas nasceram.
Caio Mello
05/06/2011
Mas, também, é simples. Falho, com toda certeza. Bambo, amedrontado. São dois pés idênticos de uma pequena criança que arrisca seus passos iniciais. E será sempre um princípio. Vinte anos depois, ainda será um princípio. Terá junto aquela pele suave, aquele olhar brilhante, desejoso da vida.
É uma manhã de sol que brilha laranja, mas que ainda não fez despontar seu calor vindouro. Esse querer latente, sempre construtivo e nunca conclusivo. E o cheiro do orvalho faz-se doce aos ouvidos. Os troncos meandram-se, deslimitam,-se, retornam. Somos, sim, raízes invertidas.
Indelével, com certeza. Inegável também. E inconstante. Possessivo, delinquente, destemido, desmentido. Desejado bilateralmente, unilateralmente ou plurilateralmente. Concepção de asas abertas, desejosa de abarcar todos. É infame, cruel, sussurado ao pé dos loucos e ao abraço dos idosos.
É uma ode. Ou até uma elegia. É, ao mesmo tempo, o conteúdo perfeito para um soneto. Para infinitos sonetos, para a falta de lógica em suas definições. É a estupidez do homem tentando padronizar o intangível. Mas é impossível negá-lo! Não há como a poesia não encher-se dele, não compadecer-se dele, não subordinar-se a ele.
A poesia é inundada por ele. É o estofo macio do urso de pelúcia. Por caminhos nunca antes trilhados, pisamos nas pegadas de nossos antecessores. É verdadeiro somente quando falho. Quando cristal. Transparente, translúcido e ruboramente opaco. Pisca aos fins de semana.
Não é nada. Invenção do homem para vender mais chocolate nas datas festivas. Mero paliativo para não encararmos as mazelas sociais. Nem devia ser mais que isso. Já que é o mundo inteiro. É a poeira que se junta embaixo da cama por mais de um mês. É a mola quebrada que insiste em ranger. É o sorvete. É o cachecol. Parafusos também.
E a obrigação faz-se latente. Que me perdoem as colunas gregas. Erro, sei. Mas justifico-me pela condição humana na qual me encontro. Escuso-me nos meandros de meu próprio sangue. Limito-me apenas pela minha capacidade de escolher as palavras certas, pois liberto-me para dizer o que quero, como quero e quando quero. E, assim, as palavras abrem sorriso. Porque foi para exatamente isso que elas nasceram.
Caio Mello
05/06/2011
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