quinta-feira, 9 de junho de 2011

Amar

A poesia é linda.
Ela está no detalhe das coisas.
Num canto de um sorriso.
Num dedo fechado.

Ela não precisa de muito para ser.
Nós é que somos egocêntricos
e desejamos tudo na vida.
Ela, não.

A poesia é suave,
é como uma manhã de sol
banhada por uma brisa fresca.
É um benquerer.

Ela vai fundo nos olhos bonitos
vai densa em almas recônditas
vai fácil no coração do poeta
que se apaixona pelas suas próprias palavras.

E também é ela tudo.
A todo momento.
É a poeira embaixo do forno
é o cotovelo ralado.

Também não precisa ser definada.
Não se mede por limites,
não se localiza numa dada época,
nem obriga conteúdos.

A poesia é liberdade.
É libertação.
É o estado máximo de infinito
que uma alma pode atingir.

A poesia embaralha a cabeça,
enguiça o coração,
fragiliza quem a escreve.
Ela é exigente.

Exige atenção.
Exige madrugadas perdidas em claro,
com aquele desejo absurdo de escrever,
mas a falta de um conteúdo para ser escrito.

O que? A lua? O céu? O Amor?
Ah, isso tudo já foi!
E depois? Mais é preciso!
Não podem haver limites...

A caneta, a tinta, o teclado, a tela...
O poeta nunca está em silêncio.
Sua mente também é imensidão,
é a essência das coisas.

A poesia é um ato de luta,
a busca da liberdade
contra o preconceito social
contra o próprio preconceito.

Ela vive encrustada na alma do poeta,
inunda o quotidiano.
Brotam árvores, desejos, cores,
flores, momentos antigos...

A poesia tem um gosto.
Cada palavra vai além de seu significado.
Cada conteúdo é deslimitado.
Ele não pode ter fim.

A semântica poética é alternativa.
As palavras são exatamente o que elas querem ser
no momento que desejarem.
Não se fecham em dicionários.

A poesia é um vício.
Mais que um desejo: obrigação.
É uma alegria indescritível
que sustenta vidas inteiras.

Caio Mello
09/06/2011

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