mas bebes água.
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Onde foi?
A máquina dos loucos
A barca náufraga
Pobre nau
Singrando a solidão
Ao atravessar
O universo
Embalado a vácuo
O grito dos mouros
Os afônicos de cinza
O gris da cabeça
O caminho paralelo
Esvaziando garrafas
O copo que verga
O corpo que treme e ri
Não há bela poesia
Que sobreviva a isto
Meu lirismo é fraco
Por favor me perdoem
Não me reconheço mais
Quando olho no espelho
Through The Looking Glass
E eu vivo ao revés
Nas rebarbas de mim
Raquítico sentimental
Debato-me no chão
Por onde andará
O menino de noventa
Que esconde seus olhos miúdos
Por detrás de grossas lentes?
Talvez ele me soubesse dizer
Para onde estamos indo
Porque, nesse exato momento,
Não faço a menor ideia.
Caio Bio Mello
23/11/2015
domingo, 22 de novembro de 2015
Falhas e batalhas
Vou
tirar de mim aquilo que eu sou
vou organizar meus questionamentos
buscar a paz em todos os meus tempos
contar o que de fato me restou.
Era meu silêncio, espaço, erro ou?
(fui incapaz de explicar a contento).
de alguém que já saber errar iria.
por errar tanto que errei só a esmo.
vou organizar meus questionamentos
buscar a paz em todos os meus tempos
contar o que de fato me restou.
A
ideia original do meu rebento
que,
ao nascer, presto já me questionou:Era meu silêncio, espaço, erro ou?
(fui incapaz de explicar a contento).
Por
favor, me perdoem os meus erros
fi-los
com a medonha maestriade alguém que já saber errar iria.
Assim,
do meu desgraçado desterro,
redimo-me
do fato de mim mesmopor errar tanto que errei só a esmo.
Caio
Bio Mello
22/11/2015Barragem
Em
meio à lama e ao lodo,
vê-se
um corpoalma que (clara)boia
em des(natura) sequência química.
Vê-se
a correnteza nefasta
da
maquinamundiao revirar a ganância.
[Hoje,
subimos muros mais sólidos que a intolerância,
mas
somos incapazes de erigir um concretoque sustente a água.]
O
corpo se revira, não respira,
é
arrastado pelos municípios.Os moradores sedentos encaram
os peixes boiando.
As
cobras, as lontras,
os
iates – todos caudalososno desespero do doce ao amargo,
do azul à lama (da lama ao caos).
O
defunto desliza, se desfaz,
não
toma prumo e se esquece. O (i)mundo que se inunda,
afunda e hiberna.
Perdemos
ou estamos perdidos?
As
respostas se contradizem e os silêncios são afogados
em direção ao mar.
Não
há como conter
se
pensamos apenas em contar.
O
corpo, meu Deus,
não
é um homem...É o rio e seu povo.
22/11/2015
Pueribélia
Vocês,
seres
de xenofobia, ódio e intolerância, façam sua guerra longe das crianças.
Os
pequenos não têm culpa pelo racismo,
suas
ideias conservadoras ou totalitárias.
Não
destruam os lares, não interrompam os estudos,
não
façam perder o que apenas principia.
Guardem
seus discursos de ódio
para
quem também já odeia.
As
crianças têm o direito de optar,
têm
a liberdade de aprender para além das doutrinase a capacidade de sonhar
como nenhum adulto mais sonha.
Nós
não nascemos imbuídos de preconceito,
não
somos preenchidos com dogmas assim que rompemos ao mundo.
Não
há leis, nem códigos, nem doutrinas.
As
crianças têm o direito de um novo princípio, têm a possibilidade de refazer o que se perdeu.
As guerras não devem furar os muros das escolas,
nem queimar os livros,
ou silenciar os risos.
Cada
novo combate que os alcança,
repercute
por uma geração completa e mutila sonhos desde a raiz.
As crianças de guerra são pequenos adultos,
desde logo acostumados com a morte,
com o sangue e com o desespero.
Os olhos brilham de modo diverso.
Aquilo
que se percebe os amadurece
como
um pássaro ainda sem penas que se obriga a voar.
E
preenchem o mundo
com
verdades delicadas por quem foi obrigado a entender
o ódio antes mesmo
de conhecer o amor.
E,
anos depois,
talvez
quando amem (ou quando ensinem ou quando lutem)
farão de seu verbo
curto desmatamento (das flores que murcharam)
de quem teve que, ainda tenro,
aprender a sobreviver.
Caio Bio Mello
22/11/2015
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
A era do medo
Vivemos
a era do medo.
O
tempo das trincheiras cotidianas,
em
que parques e lares
mesclam-se
com batalhas e rajadas.
O
silêncio permanece,
buscando
as almas de soslaio
na
espreita do espanto.
A
década do ar comprimido
em
cabines cerradas,
comandadas
por suicidas bem treinados.
Encontramos
a nefasta fusão
entre
o rigor bélico e o desarmamento incauto.
Os
conceitos, coadunados,
não
sabem progredir de mãos dadas.
O
soldado é ciente da guerra. Ele sabe de seu papel.
Militar
fardado, munido de fuzil,
nunca
duvida de seu destino
e
lida com sua memória.
Mas
não é disso que se nutre a comunidade.
As
crianças, os idosos, os jovens arquitetos,
os
bares apinhados de gente – eles todos
são
desprovidos da carapaça
que
impede os guerreantes de sentir.
A
guerra de supetão não é guerra – é medo.
É
o desespero repentino de corpos banhados de sangue,da quebra da expectativa de paz
(sim, acreditamos na paz latente como um conceito universal
e vê-la derrotada nos choca assustadoramente).
Ato unilateral de assassinato, de privação de sonhos,
abafamento de vidas.
A guerra que brota no repente (no engodo e à míngua)
é covardia.
Não há motivo que justifique o estancamento de vidas
a esmo, pela aleatoriedade da mera presença
em um evento. Ninguém espera morrer sem um propósito,
não fomos construídos para isso – a doença que não vem da carne.
Atualmente,
a guerra destilou-se por nossas vidas,
ganhou
nossos momentos íntimos e coletivos. O público transporte (ao trabalho porque necessitamos),
os bares, os lares, as torres, as ruas.
E, assim, permanecemos com o desconforto da paúra correndo em nossas veias,
que segreda pequenas mensagens de horror em nossos ouvidos,
que nos promete bombas em todas esquinas, explosões e aviões caindo.
E
o desejo de combater – seguir adiante, abrir os olhos e sorver o ar,
para
dar continuidade ao que buscaram impedir. Para exatamente florescer o que pretenderam apagar,
no intuito constante de provar que
a guerra, que antes já não se justificava,
agora não faz mais sentido algum.
Caio
Bio Mello
20/11/2015
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Apoio
De vez em quando
As pessoas precisam
De um simples sorriso
Uma única palavra doce
Um abraço sincero
Pequenas razões
Para seguirem firmes
Dê isso a elas
E poderá ouvir
Um coração bater de volta
Caio Bio Mello
16/11/2015
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