A terra fica numa esquina do Universo,
lá perto do acaso, do lado da felicidade
e de uma estrela.
Pequenina, sempre sorridente,
uma quase esfera bem azul,
um tanto tímida,
com suas nuvens brancas e fofas a borboletar.
Ela anda de um lado para o outro
num ritmo muito à vontade,
nunca girando mais que o necessário.
Jamais parou.
E os cometas se espantam
ao passar perto do globo cor-de-mar.
Muitos pontinhos pulam
de cá para lá, de lá para cá.
Como é que cometas conseguem ver pontos tão pequenos?
Perguntou uma estrela, certa vez.
É porque eles guardam
os desejos dos pontinhos.
Mas são tão pequenos!
Como podem desejar algo?
O vasto Universo não parece
se importar com eles.
E daí? Os cometas se importam.
E a terra vai seguindo sua vida.
Ela sabe que tem pontinhos,
pode senti-los.
Mas nada além disso.
Não machucam, nem dóem.
Qual é a força de um mísero ponto?
Há alguns anos, os cometas
segredaram para a terra que
um pontinho queria dominar o mundo.
Os pontos são curiosos.
Tão pequeninos, tão normais
e, mesmo assim,
com vontades tão grandes!
Todo mundo está dentro do mundo todo.
Montes e montes de pontinhos.
Alguns deles até se enrolaram em papel
higiênico e fugiram da terra por um
centésimo de segundo. Não fez a menor diferença.
A bola cor-de-tinta olha para o infinito.
Tudo é tão grande e tão cheio de coisas.
Astros discutindo sobre os mais diversos
assuntos. E ela ali, por vezes só.
Mas tudo bem. Com seus pontos nunca se sente sozinha.
Caio Mello
12/12/08
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