domingo, 15 de maio de 2011

Boteco idílico

A Ana vai. Alberto disse que ela vai. Legal, vai dar pra conversar com ela. Eu preciso encontrar um jeito de arranjar um assunto divertido. Da última vez, ela não prestou muita atenção no que eu disse. Tem que ter alguma coisa que ela goste.
Eu tenho que tentar me colocar no papel dela pra tentar entender o que ela pode gostar. Tá bem... O que ela gosta de fazer? Parecia bem interessada nesses negócios de política, governo, economia... Falava de favela, FHC, Lula, Co... Era Co o que mesmo? Acho que era Copom... Vou ter que procurar isso no Google depois pra ver direito.
Mas agora já tá meio em cima da hora, não vou conseguir ler muito sobre esses assuntos antes de ir pro boteco. Gosto de meninas que vão pra botecos. Eu não tenho grana pra ficar gastando em bar caro, não gosto de ir na Vila Madalena. Vila Madalena é tudo igual, só tem aqueles imbecis gigantes que passam o dia inteiro na academia. Idiotas. Não sabem que tão perdendo tempo com coisa inútil. Dá dez anos pra eles, começam a trabalhar e ficam frangos de novo. Por isso eu nem começo, já sei que vai piorar mesmo...
Porra, João, foco, cara. A mina vai e você fica pensando em homem, caralho... O que eu falo pra ela? Ah, sei lá... Si pá seria melhor só ir pra lá e não pensar em muita coisa, não. Mano, a parada é bruta. Ela vai ficar falando aqueles “eu super achei que o governo ia aumentar a taxa Selic” e eu vou ficar de saco cheio. Se ela não fosse tão bonita, não ia nem dar bola pra ela. O papo é meio fraco. Eu nem curto mina que fala demais, mesmo...
A Ana vai. Alberto disse que ela vai. Legal, vai dar pra conversar com ela. Eu preciso encontrar um jeito de arranjar um assunto divertido. Da última vez, ela não prestou muita atenção no que eu disse. Tem que ter alguma coisa que ela goste.
Enfim, e depois desse negócio todo de papo... E daí? Acho que química é aquele bagulho que rola ou não rola... Você tem que olhar pra mina e PUM. Ela te curte. Tem que rolar aquele jeito meio sério, meio engraçado de olhar pra ela na primeira vez. Se a mina para um pouco e fica te olhando é porque ela te curte. Tenso. Sem medo, sem essas merdas todas de poesia. Mina curte mesmo cara que chega pondo moral. Vinicius não pegava tanta mulher porque escrevia, pegava mulher porque tinha jeito, segurava a mina pela cintura e falava o que queria. E ainda cantava, o filha da puta. Eu queria saber cantar. Bem mais fácil pegar mina assim.
É bom também chegar e já tomar alguma coisa pra soltar... Não, não posso virar logo de cara uma Seleta, a Ana vai achar que sou alcoólatra. Dá pra começar com uma Original, tomar de boa, depois, mais tarde, quem sabe, pedir uma Seleta. Não dá pra ir num boteco sem pedir uma. E é bom pra dar coragem. Depois disso, acho que vou conseguir falar muito mais coisa. Vou falar de futebol, vai ver ela se anima e até faz uma análise sobre como “a sociedade de hoje leva seus filhos a se formarem em futebol e não em boas faculdades”. Ah, foda-se...
O que importa mesmo é que eu vou. O Alberto vai também. Ele tem uma barba muito grande. Não sei por que as pessoas curtem deixar a barba. Coça. E incomoda muito. Eu faço a cada três dias. Mas a minha não cresce muito, também, então é bem sussa. Preciso comprar uma Gillette nova, a minha já tá quase ficando cega, depois nem dá pra fazer direito. O que eu tava falando, mesmo? AH! Quase esqueço!
A Ana vai! Alberto disse que ela vai. Legal, vai dar pra conversar com ela. Eu preciso encontrar um jeito de arranjar um assunto divertido. Da última vez, ela não prestou muita atenção no que eu disse. Tem que ter alguma coisa que ela goste.


Caio Mello
15/05/2011

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