quinta-feira, 30 de junho de 2011

Yeah yeah yeah

E as linhas continuavam a se misturar num gozo suave que ia sambando conforme as tartarugas faziam curvas, brilhando ao céu da noite estrelada. No céu, enfim, não havia estrelas em abundância, mas dentro as milhões e milhões e milhões de estrelas faziam uma apresentação digna dos maiores teatros do mundo. Os russos ficariam estupefatos.
Love love love... O caminho parecia certeiro e os passageiros eram conduzidos pelo destino protegidos da brisa gélida que urrava do lado de fora.

It`s easy!

Tudo o que fora quadrado era agora esférico. Os homens pequenos escorregavam pelas bordas da esfera, sem achar mais quinas para ganharem sustentação. A bola era dourada. A outra era azul azul azul. Mas, junto com a laranja, já era agora passado. E do passado sobram alguns ecos somente. O que resta mesmo somos nós.

A noite dura de amor
E seus ponteiros correndo
Manchando vermelha cor
O que se vinha azuendo

Assim assim assim foi a terra se comendo. Comeu, passou fome e sede, sedentou a famigerada loucura de inanição. E de fome matou os homens. Com seus corpos mortos, montou uma fogueia enorme em noite de lua cheia. E rezou pra Lua pra que fizesse carne dos homens o piche. E fez-se o piche.

DO PICHE SE FEZ O ASFALTO
do piche se fez o asfalto
E foi de triste num assalto, de certo tão belo, que já nem de sofrer podia mais. A ironia da vida havia baixado sua acidez. Engraçado como as coisas mudam mas alguns calos permanecem. Ficou ali um resíduo. Algo nos olhos já conhecidos. Aquele mar sem fim de uma terra nunca dantes desbravada. Era tudo igual. A grisalhice escancarava as cicatrizes. Homem cicátrico. Com falhas horrendas perto do peito. Um coração a bater descompassado com a vida. Tum tum tum TUM tum tum TUM tum rum um nenhum.

O dinheiro nada compra
Dia voz passou vontade
Decisão ninguém foi contra
Falta monetariedade

Mas os amigos conseguiram sua mesa com tudo. E o nome já dizia tudo. Tinha tudo mesmo em tudo. Torres enormes! De marfim, de babel, de parafina, de bolhas cadentes que flutuavam só por discórdia. Um gosto de medo suave batia de leve nas portas do palácio. Era um batido ritmado me deixentrar me deixentrar vou me ferrar me deixentrar estou sem ar e cadê vocês? Cadê? O gato comeu?

Gato era o desejo simples daquela noite. Um samba corria de fundo na sala. Jorge Ben Jor bio maravilhaaaa nós gostamos de você. Eu sou flaflá. As mãos e os pés foram se esquentando devagar. Abria-se a geladeira-mundo por demasiado tempo e a vida seguia rumo lá fora, para desespero dos que de dentro viam os fatos.

Atinge o ápice a loucura.
Seus versos desregrados
soltam os cabelos com força e fé
numa certeza de curvas maravilhosas.

As torres coloridas
soltavam banhos fantasmagóricos
que fascinavam até os olhos
mais céticos debaixo da geada inexorável.

Apesar de algumas ligações, inexorável foi fim. E derradeiro grito deu-se da brisa assim que passamos pela porta da macchina. As narinas cerradas pelo ranho. Uma sensação doce (porém com aquele tom amargo de chocolate com muito cacau) saltava pelas veias e fazia mares em peitos ignotos.
Talvez fosse esse mesmo o segredo das coisas.

Abriu-se tranquilo o portão pintado de preto.

Caio Mello
30/06/2011

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