O coração não é um órgão fixista.
Ao passar dos anos, altera-se.
Elástico, possante,
a metarmorfose da carne.
Ele pode ser de pedra,
carne, sangue, carvão, chamas...
E tudo pode mutar num eterno ciclo
sem fim entre sístoles e diástoles.
Porque a vida não é só um correr de veias e artérias.
Ela é um caminho, um desenvolvimento.
O nosso peito armazena experiências,
completa desejos e anseia por sonhos.
A matéria dá-se por não ser matéria.
Ela é lágrimas, sensações. O beijo.
A primeira alvorada inundando
os olhos ainda quase fechados.
O marceneiro do tempo
faz pequenas intromissões em nosso órgão a cada dia.
Torna-o agudo, ríspido, por vezes tenro.
Porém, nunca ileso.
Nosso coração é uma casa muito grande
dotada de vários cômodos.
Quem está nesse? Sim, a primeira chave gira-se
e encontramos a saudosa memória daqueles da terra.
Ali, mais pra frente, os maiores amores da vida.
Depois, o irmão.
Todos sentam-se para tomar um café-da-manhã atemporal
desnudando tudo que há de consciência dentro de um ser.
(No porão da casa guardam-se erros e desafetos que nunca
veem a luz do sol)
Nosso órgão há de bater sempre.
Seja pela dor, seja pelo prazer, seja pela euforia...
É preciso continuar o bater de pinos
harmônico que nos faz vivos.
Aceitemos ou não nossa carne,
ela nos subjuga.
Afinal, o filho direto do peito
é o órgão do ser dentro do ser.
Pulsação.
Caio Mello
14/04/2012
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