segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Aracnídeo



A minha mente tomada por teias
já não raciocina mais.
Tudo aquilo que a noite diz
já não pode ser mais dito.

E eu? Esquisito.
Pobre louco
sem significados
nem significâncias
nem qualquer teoria
que pudesse trazer qualquer explicação. Porque as coisas não fazem o menor sentido, Nem mesmo deveriam elas possuir sentido algum.

E nem as entrementes de meu corpo frágil
poderiam me dizer de mim mesmo.

Eu desmesmado. VAZIO. Como um vômito gelado
no canto de uma luz reluzente.

As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
As coisas são coisas. As coisas são coisas.
São tão coisas
quem jamais poderiam se dizer de mim.
Nem da morte. Nem da vida.

Mas o não morrer é também um estado de latência inexorável.
Como se esperássemos ver no horizonte aquele navio
gigante com motores a jato
perfurando nuvens em forma de chocolate quente
com gotas pequenas porém visíveis de canela.

Mas nem a isso encorajo-me mais.
Porque meu coração falha.
Porque sou falho.
Porque milho.
Mijo.
Cu.

Uma grande mentira. A granada da manteiga.
Do homem contemporâneo desncessário no em seu existir.

Que a vida me permita ser. Isso mesmo.
Agarrar-me a tudo com gosto e raiva.
Expor minhas tripas.

Ralar o chão com o meu sangue
lavar as escadarias com meus órgãos
e explodir em um milhão de pessoas diferentes.

Todas com rostos diversos. Mas todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais. Todas iguais.TODAS TÃO IGUAIS que eu já nem sei mais quem eu sou.

E se eu soubesse não contaria pra ninguém.
Nem pra mim mesmo.
Porque me achar é o fim de minha busca
o começo da estupidez humana.

Meu coração?
Meu coração por que?
Por que?

Em cada Herzschlag encontro-me mais perto do retumbar de uma alma.
Calma. Está perto. Perdoa-me. Sim, eu posso sentir!
Posso ver.

Tum. Tum. Tum.                                           Tum. Tum. Tum.
Tum. Tum. Tum.                                           Tum. Tum. Tum.
Tum. Tum. Tum.                                           Tum. Tum.Tum.
            Tum. Tum. Tum.       Tum. Tum. Tum.
                                   Tum. Tum. Tum.

Uma hora acaba. Uma hora acaba.
Um dia eu sei. Um dia essas aranhas vão domar tudo que eu vejo.
Vão construir-se por cima de mim.
Serei casulo (nulo). Um caso nulo a nunca ser estudado por ninguém.

Eu só mais um Severino qualquer. De nome adquirido na vida.
Por coincidência. Quem diria Mello Neto? Que o destino nos traria tão pertos.
Mas distantes.

Porque estou só. Sempre só.
Essas palavras inúteis
que me impedem de ser um homem normal
que me dizem o que devo escrever
elas se intrometem.

E não me sobra mais nada senão escrever.
Nem palavras são mais.
Bytes morididas e cores numa tela. Não são palavras de tinta.

Não são significados.
EU NÃO POSSO NEM MESMO QUEIMAR MAIS OS MEUS POEMAS.
Posso “deletá-los” com toda vênia de merda que o mundo me dê.

À morte Dona Vênia. Perdão da agressividade.
Mas encare é melhor. Vai. Todos nós vamos morrer um dia.
Uns mais. Outros vão morrer menos.
Mas todos um pouco a cada segundo a cada momento
a cada hiato que nos impomos. Pomos. Fomos os cosmos.

As lendas de outros tempos. Outros dias.
Ou talvez o nunca. Tralvez. Truth. Die Wahrheit.

Que me perdoem os disléxicos mas também o sou.
Falsa. Um muro vazio.
De peito aberto e coração à venda.
Paga-se pouco. Por hora.
Paga-se por UNIDADES DE TEMPO.

E assim o tempo torna-se mensurável cabível
exequível pagável bebível aníbal setúbal azul.

A bala eu vos diria. Um tiro no peito.
Em vala comum. Um enterro perfeito.
E os olhos fechados com o prazer do fim do mundo
e um grande quessefoda pra tudo isso.
Mandem lembranças.

Caio Bio Mello
09/09/2013

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