domingo, 8 de setembro de 2013

Morrer



Morrer é ato meu
comigo mesmo.

A minha terra
conhecendo minha carne.

No triste fim da imensidão
que os olhos podem tomar na vida.

Quando o círculo de fogo queima as retinas
de homens perdidos no horizonte.

Morrer é ato repentino
como o amor.

O núcleo de significados
que perdemos ao longo da respiração.

Meus dedos, rijos, não escreverão nem mais uma vírgula
e eu somente poderei rir de mim mesmo.

Vou rir da minha conta de luz não paga.
Soltar gargalhadas de meu misticismo barato.

No dia em que eu deixar esse mundo roto,
não pagarei mais impostos.

Minhas borboletras, trancafiadas no armário,
serão finalmente livres.

O mundo inteiro de cores
que eu finalmente poderei visitar.

E minha alma como uma grande nuvem,
voando a esmo pelo céu.

Morrer é simples.
Mas pode ser muito chato.

Pode ser indolor, insípido, inodoro
e inconsequente.

Morrer é tirar férias eternas do emprego,
sem nem mesmo ganhar aposentadoria.

Morrer, talvez, é agora
fechar os olhos e finalmente conseguir dormir.

Caio Bio Mello
08/09/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário