segunda-feira, 23 de setembro de 2013

De trovões e raios

Os sonhos mais terríveis 
de um triste ser de olhos abertos. 
Os sonhos - dessonhos. 

Eu, sonhante, neste pesadelo vivo
com uma perna no mundo irreal
e a outra em minha cama. 

Perdido em meio a trovões. 
"Estás vivo?"
Retumba no fundo da galeria
das almas. 

Galhos secos se retorcem 
dentro de meu peito. 
A caatinga de um homem só.

Os meus sonhos me sonham.
Me devoram, me digerem.
Estou dilacerado, triste,
doido e doído. 

E, sem mesmo saber dos caminhos,
sigo numa tortuosa reta 
à busca do nada, do nada e do nada. 

Nada serei. Jamais serei. 
Uma presente existência desdita
num ridículo onirismo 
que nunca vai ter sentido algum. 

Aos pesadelos, então. 
Ao menos eles me são honestos. 
Dizem-me a verdade escancarada
que me queima os olhos e 
torra a alma. 

Eles me mostram a verdade 
que eu sempre soube,
mas que nunca aprendi a admitir. 

No mar das mariposas, enfim,
que me afoguem 
para meu cadáver 
nunca mais ser encontrado. 

Caio Bio Mello 
23/09/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário