sexta-feira, 1 de abril de 2011

Autoativo

Ela sorria
com toda a delícia que conseguia
em seus beiços suaves.

Sorria de um modo simples
falava baixo
como se guardasse segredos.

Parecia entender verdadeiramente
o andar das coisas.
Tinha paciência.

Eu, nervoso, frenético,
saltava, rugia, apontava.
E acabava no mesmo lugar.

Ela me olhava,
daquele jeito tão único
duma mescla profunda.

E eu acabava me rindo por dentro,
sabendo que tudo que eu fazia era em vão.
Ela era muito mais que eu.

Construí mundos paralelos,
pintei mil cores no universo,
fiz poderosos discursos.

E não mudei nada. Nem ninguém.
Mas ela me mudou.
Deixou em mim desejo irrenunciável.

Choquei-me por diversas vezes,
mas não tristemente.
Choquei-me numa alegria de me redescobrir.

Descobri que não sou ninguém.
Maravilhosamente ignoto
e com ela em meus desfazeres.

Caio Mello
01/04/2011

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