Silêncio dos pássaros
Quietude dos homens
A mente vazia
Pensar escorrendo
A falta de nexo
O grito do sexo
Pessoas perdidas
Em braços e pernas
Eu. Silêncio. Vazio. Pessoas perdidas em braços e pernas e lençóis e tiros calados. Os verbos erráticos de poemas rotundos. Pesa-me, majoritariamente, o olho direito. Uma selva elétrica pulsa logo atrás de meu ouvido. O barco encalhado mescla-se com a igreja taciturna. Alguns traços em bege, preto e branco saltam cautelosamente aos meus olhos. Tenho medo. Medo. Medo.
Acorde com nona
As teclas brilhando
A palheta solta
E ser só ali
Preocupo-me. Começo a desatar-me rapidamente. A gente. Gente. O ente que em mim é em ser-se e deixar de ser. Estou fraco. Estou fraco. Estou fraco. Sou fraco. Começa-me a passar pele mente uma imagem. A princípio fraca, que vai aos poucos crescendo dentro de mim. É uma mão, já antiga. Ela, vincada. Ao fundo, talvez terra, talvez não sei mais o que... A mão fecha-se. Seus dedos são esguios e vincados. A mão treme ao tentar fazer força, fraqueja, quase não aguenta... Mas mantém-se. Depois, chuva.
Eu, torrencial
Uma imagem mista
Terra enlameada
Triste temporal
O dilúvio desfaz-se lentamente. Um oceano. Gigantesco mar, infinito oceano. O ser humano. A ser a cada ano. No começo, no meio e no fim. Assim, de ser em mim e nunca mais. Queria ser. Queria ser. Até as letras desejavam. Mas fraquejo. Mais uma vez.
A vez, fraquejando.
Caio Mello
10/04/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário