domingo, 10 de abril de 2011

Meia hora

Silêncio dos pássaros
Quietude dos homens
A mente vazia
Pensar escorrendo

A falta de nexo
O grito do sexo
Pessoas perdidas
Em braços e pernas

Eu. Silêncio. Vazio. Pessoas perdidas em braços e pernas e lençóis e tiros calados. Os verbos erráticos de poemas rotundos. Pesa-me, majoritariamente, o olho direito. Uma selva elétrica pulsa logo atrás de meu ouvido. O barco encalhado mescla-se com a igreja taciturna. Alguns traços em bege, preto e branco saltam cautelosamente aos meus olhos. Tenho medo. Medo. Medo.

Acorde com nona
As teclas brilhando
A palheta solta
E ser só ali

Preocupo-me. Começo a desatar-me rapidamente. A gente. Gente. O ente que em mim é em ser-se e deixar de ser. Estou fraco. Estou fraco. Estou fraco. Sou fraco. Começa-me a passar pele mente uma imagem. A princípio fraca, que vai aos poucos crescendo dentro de mim. É uma mão, já antiga. Ela, vincada. Ao fundo, talvez terra, talvez não sei mais o que... A mão fecha-se. Seus dedos são esguios e vincados. A mão treme ao tentar fazer força, fraqueja, quase não aguenta... Mas mantém-se. Depois, chuva.

Eu, torrencial
Uma imagem mista
Terra enlameada
Triste temporal

O dilúvio desfaz-se lentamente. Um oceano. Gigantesco mar, infinito oceano. O ser humano. A ser a cada ano. No começo, no meio e no fim. Assim, de ser em mim e nunca mais. Queria ser. Queria ser. Até as letras desejavam. Mas fraquejo. Mais uma vez.

A vez, fraquejando.

Caio Mello
10/04/2011

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