Sejamos francos
o mundo é grande demais
e hoje meus olhos pesam.
Estanquei
num detalhe fútil
e ficamos a olhar a parede.
Branca ela, branca ti.
Bancos vazios na praça.
Antes cheios,
hoje rodeados de embalagens vazias.
Enfaticamente deixei-me cair. Arastei-me pelo campo enorme, lutei contra o rosa e as bordas floridas. Cascatas de cachos choviam um perfume suave. Enfureci-me. Minha pele ardia em raiva. Explodia em meu peito mais um momento. Mento mento minto sinto sento. Sento. Deito, exaurido. Os dedos cravados na pele. A pele cravada na terra. A terra cheia de cravos. E o rosa ainda a me espreitar.
Vindas de volta aos meus olhos,
imagens entorpecidas
de pesadelos antigos
ainda têm que dizer.
Com certeza vou ouvi-los
achar nota que me diz.
Seja dez, seja sol, lá...
Não faz menor diferença.
Esse quadro engraçado
fica no canto.
Harmonia simples
com diálogo em latim.
O canto.
Em lá menor.
Onde ficam os esquecidos,
bem longe do meio.
Canto? Quina.
Pranto? Sina.
Quanto? Sempre.
De volta a algo incômodo.
Melhor estar incomodado
do que ser comodista.
Mas meu sentimento,
na verdade,
advém de minha necessidade de mudar
e da minha incapacidade de agir.
Haja detalhes! Quantos!
Microesferas de quotidiano
simpressionando-me
como uma caixa cheia de tachinhas
carentes de lousas
e de crianças frenéticas.
Eu larguei
muitos desejos
no lago das mentiras.
(e não fui mais real que isso?)
Montanhas recém criadas esparramam-se ao longo do vale. O rosa desvirado, jogado para cima, deixado para baixo. O ventilador soprando seus segredos sem muita pressa. Meus braços prostrados montam caminhos. Imagens simples atravessam meus olhos sem me dar muito tempo de vê-las. São jogos rápidos de cheiros, desejos, lembranças. O presente é um eterno quase-futuro. Delicio-me com a sagacidade ácida da vida.
Por enquanto, só quero dormir.
Caio Mello
13/03/2010
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