Tenho inveja do trabalho do pedreiro.
Minha labuta não perdura pelo tempo.
As palavras se perdem,
o papel é devorado pelas traças.
Já o pedreiro, é diferente.
Constrói casas todos os dias.
Habitações, pavimentos, passarelas.
Nosso chão, nosso teto foram feitos
pelas habilidosas mãos de um trabalhador.
De certa forma,
o pedreiro deixa uma parte de sua alma em cada obra.
Obras não necessariamente primas,
mas que fazem parte do nosso cotidiano íntimo.
O pedreiro mora um pouco conosco.
O primeiro passo de nosso filho é dado
com base no chão do pedreiro.
Entre quatro paredes tudo pode acontecer.
E as parede foram erigidas pelo pedreiro.
Ele participa das nossas vidas. Sente nossos segredos.
Sabe das nossas pauras.
Além da sua própria vida vai sua obra.
O pedreiro morre, os tijolos ficam.
Por detrás da parede, por cima da sacada.
O pedreiro vive para sempre em seu concreto.
Caio Mello
22/12/2012
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