A noite é longa, fria e
putrefeita.
Em cada corpo, rasteja um inseto
guardando a carne tal como seu
teto.
O verme-rancor nos traz a maleita.
Medonho é carregá-lo como um feto,
acreditando em atos desta feita.
Quem foi que disse que a vida é
eleita?
Nós roemos nosso sonho abjeto.
Nós somos o esterco
do bezouro rola-bosta.
Tu perdes, eu perco
dessa vida, nossa aposta.
Entranhas são cerco:
tristes de nós, sem proposta.
Não verás o acerto
me devorar pelas costas.
Eu sinto esse bicho em meus
intestinos,
eu o sinto nos pulmões e nos
sonhos.
Ele passa sentimentos medonhos
através de olhos pequenos e finos.
Aniquilá-los, matá-los proponho.
Acabar com o estilo de vida equino:
finalmente extirpar esse
inquilino!
Para acabar com o mundo enfadonho.
Caio Mello
09/12/2012
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