sábado, 9 de novembro de 2013

H



Em teu corpo em chamas
jogo-me de novo.
Ardo-me nas flamas
e presto me movo.
Tu gritas e chamas
clamando o meu povo.
Posso dizer que amas?
Sem dizer...  comovo.
Nos braços e camas
e na casca do ovo,
nas chamas e damas,
nunca me removo.

Queimar em ti, em nós, no mundo inteiro.
Sou novo, sou velho, sou a resposta que buscas.
E nunca me dizes com os olhos o que teu corpo pede,
sedento permaneço no interno do avesso.

Amasso, peço, reprovo. Recomeço.
Nego, agradeço. Mais um passo que peço
Assim, de perto, contesto. A peça de ti
em mim queimado como o sol nascente.

E, assim, meu corpo mundano
permanece contumaz.
Te arranca o verso soprano
no tom que teu peito faz
e eu sendo assim tão profano
profundo, eterno e rapaz
sei que trago do oceano
tu e, junto, a minha paz.

Permite-me dizer que ardes. És imensidão eterna,
a bomba de hidrogênio do tutano de meus ossos.
És o combústivel oxidável de meus olhos.

Espero que, ao fim da vida, sejamos o carvão restante
do ardor louco que tivemos ao longo dos séculos.
Eu, tu e nossas queimaduras.

Caio Bio Mello
09/11/2013

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