quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Entretestes



Meu corpo me arde
enquanto me proíbo.
Infelizmente, sou.

A efemeridade de meu peito,
dentro do qual a tenra flor se deixa
embrutalecer, como se não houvesse
mais uma imensidão que pudesse
ser absor(vida) pelos pulmões.

Há a necessidade, mas também há a areia.
O tempo, sumidouro de amizades e alegrias,
é apenas mais um opressor de meus olhos.

Não tenho saudades, nem nostalgias.
Tenho a dureza de um corpo dolorido
e uma mente que se dobra
tal qual o pequeno barco de papel
que navega o máximo que pode,
sustentado em seu corpo suicida
que se deixa navegar enquanto ainda é tempo,
enquanto ainda a água não o perfurou a fundo o suficiente,
na iminência de derrubá-lo.

Nem o Rei da Espanha, com sua Invencível Armada,
sustentaria os meandros que a água me dispôs.
Fato? Talvez. Uma mera dobra de papel.
Ao abrir o livro, vê-se uma orelha malquista.

Não se dobram as folhas, dobram-se os homens.
Os versos todos socados dentro de um armário
que possui o solitário odor de mofo
arraigado em sua própria essência.

Desconsidero-me. Duvido de tudo.
Falho, proíbo. Permaneço em meus ossos,
mas não mais em meu suspiros.

Ao futuro, quem sabe? Quando a vista abrir-se
num mais uma vez quase não dito e coberto de angústias,
uma pétala descendo voluptuosa ao sabor do vento imprevisível.

Caio Bio Mello
28/11/2013

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