Eis
o meu jardim de rosas negras.
Elas
vivem no descampado sombrio atrás de minha casa.
Brotam
selvagens numa sequência desordenada
(nunca
tive coragem de organizá-las).
Cada
novo botão que floresce
é
o umbigo do mundo.
Um reprincípio
ao nascer assim já deserta.
Nascem
solitárias
nunca
precisaram
qualquer
minha ajuda,
a
brotar do chão
tal
qual espontânea
geração
da terra.
Elas
crescem por si, desenvolvem-se sem aviso
nem
trégua nem previsão.
Multiplicam-se
galopantes.
Eu
as alimento com minha carne, com meu sangue.
Quanto
mais tecido, mais escurecem.
Em
dias de desvario, creio ter visto veias pulsantes
em
uma pétala robusta.
Posso
ouvir sua pulsação...
Mas
não.
É irreal.
Sei
que todas estão em estado catatônico,
naquele
derradeiro salto antes do fim.
Talvez
isso que mais me incomode.
Estão
todas quase mortas, mas vivem assustadoramente.
Elas
proliferam. Moribundas.
Acho
que nunca cheguei a ver uma sequer
murchar
e perder as pétalas.
[Estrela
solitária
no
caminhar do Universo
brilha
seus raios sem planeta
que
a circunde
gasta
sua luz
nos
confins da imensidão do vácuo]
Ao
abrirem suas pétalas,
desabrocham
pérolas
da cor da imensidão
do
céu da Pauliceia (desestrelado).
E,
contente, coleciono minhas pedras preciosas
num
quarto empoeirado de minha casa,
na
esperança de, um dia (quem sabe?)
minhas
rosas conversarem comigo – de novo.
Caio
Bio Mello
14/12/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário