Perdoa-me.
Minha
alma é, de fato,
rasgada
em mil pedaços.
Eu
sou uma colcha de retalhos,
a
união de infinitos desencontros.
Não
pertenço ao mundo como deveria.
Nem
de perto é um sucesso.
Pura
incompletude. Não poderia sequer me definir.
Não
posso prometer-te que evoluirei.
Aquilo
que jaz em mim é como erva daninha
que
brota sem meu consentimento
e
entumece em meu peito.
Por
mais que eu me sufoque,
ainda
que eu busque banir esse mal
que
em mim há – eu perco.
Isso
penetra em meus meandros,
comanda
meus sentimentos
e
dobra minha visão de mundo.
Eu
jamais vencerei. Estou preso,
soterrado,
nesta minha caixa de Pandora virada ao avesso.
Eu
oscilo. Existo, coexisto e inexisto.
Sou
uma pequenez. O parco sopro
de
uma criança que passa frio e fome na cidade à noite.
Eu
não poderia crescer, jamais.
O
lince.
Sou
um menino e, por trás de meus olhos míopes,
ainda
guardo meus medos (do escuro, da solidão e do frio).
Amarraram-me
ao crânio os espinhos da neve
e
nem o rouco escarlate pôde inibir minha rajadez.
Meu
coração, entre sístoles e diástoles,
nunca
aprendeu a bater na cadência que a vida lhe impunha.
Entendes?
Eu, um erro ambulante,
a
perpetuidade de um deslocamento.
Eu sou poeta e não aprendi a amar.
Esse
fraco impulso de vida, o adormecimento de meus braços
e
o lépido engodo (a ironia do comodismo)
de
pensar que progredi.
Involuí.
Por
isso, peço que me entendas.
Não
são simples meus motivos,
há
flores em meus olhos e não posso despistá-las.
Sou
um escravo de mim mesmo.
O
paradoxo da liberdade do social consumo,
mas
a paninstrospecção como tudo que me resta.
Não
te peço que concordes, nem que desdenhes.
Apenas...
Simplesmente,
peço
que perdoes.
Caio
Bio Mello
04/12/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário