sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Guelra

O menino de noventa
que possuía sonhos tão tão profundos
aprofundou-se em tudo,
mas esqueceu o mundo e, quando se deu conta,
estava no último oceano da última curva do Universo
debaixo de quilômetros e quilômetros de pura água.

De lá, podia ver curtos raios de luz esgueirando-se
para poder chegar em qualquer curva
de correnteza que se permitisse.

Com essa pouca luz e infinitos sentimentos
(que não faziam sentido algum),
ele percebeu que não veria mais a superfície
em toda sua vida.

De mãos atadas, enfim,
nadou como um peixe
e guelreou assim que possível.

Três meses atrás, ele foi fisgado por um anzol grosso
e hoje, congelado, está em exposição no Oceanário de Lisboa.

Caio Bio Mello

04/12/2015

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