Insetos
povoam meu corpo.
Eu
os ouço e repito.
A
aranha em meu crânio,
que
caminha sobre meu cérebro.
Não há dor, com certeza não.
Mas
posso senti-la.
Ao
respirar, teias em meu pulmão.
Uma tosse seca.
Um besouro sommelier prova meu sangue.
As
vísceras do caos, intrapartidas.
Sinto
a ruptura de mim mesmo,
agora,
gesto a peritonite do desgosto.
(quanto
tempo ainda me resta?)
O
estômago forrado por vespas raivosas.
Todas
ferroando-me por weltschmerzen.
Um gosto ácido sobe à boca. Gastrite.
Nada me alimenta, tudo me devora.
Por
trás dos globos oculares,
as formigas teimam em
repassar vídeos
daquilo
que nunca vi, mas gostaria de ter vivido.
Vivencio
o sonho inconcreto em voltas cada vez mais dolorosas.
Aquele
silêncio. Aquele olhar. A recusa.
Minhas
tripas são feitas em sequência ilógica e incompleta.
Abrissem-me
os médicos, abismar-se-iam.
As larvas deslizam por tudo. Me
devoram ao engordar.
Porém,
jamais chegam ao estado borbólico, morrem abafadas
subcutaneamente. Não as culpo – o mundo
é nefasto.
No
palato, vive um escorpião,
que
teima em ferroar minha língua a cada frase de efeito,
a cada prazer no verbo.
Saem-me
palavras oblíquas.
Todos
esses seres podem conviver comigo.
Não
me importo. Nada que me impeça de existir.
Mas
há um que me corrói, que me verga, que me devora.
Desse
inseto eu não posso vencer.
Ele
rasteja fora da carne. É inefável.
Uma
quimera de solidão, angústia e insensatez.
Um
parasita persistente, que vence qualquer vermífugo
ou
ideia brilhante.
Este...
é o verme da alma.
Caio
Bio Mello
29/01/2016
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEsse ta do caralho
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