sábado, 23 de janeiro de 2016

Um pouco da vida dentro da vida

Há uma percepção da vida
dentro da vida.
Uma camada mais densa, profunda.

O sentimento de fluidez, perpetuidade,
harmonia.
Em meio à serenidade, há a coesão.

Como achar o barulho por detrás do silêncio,
ou sentir-se solitário em meio à multidão,
ou saber dos sentimentos mesmo que não os expressem.

É olhar aquela rosa e sabê-la única.
Não são as rosas. É aquela rosa.
Pressentir o choro mesmo antes da lágrima,
vivenciar as sensações preexistentes.

É uma existência metafísica, transuniversal.
Como se um pouco de tudo fosse um grande quadro
uma imagem única e completa.

Esse lado do viver distancia-se do cotidiano,
da objetividade dos semáforos e leilões.
É algo no limiar da intangibilidade.

Lá, a vida faz sentido em sua plenitude.
Nessa profundidade, nesse desdobramento,
é possível identificar a origem, o núcleo, o epicentro.
De lá irradiam as decisões, as sensações, o mundo.

Não tem gosto, nem cheiro, nem cor.
Mas está ali. Logo ali. Em tudo.
Está em tudo, sempre.

Caio Bio Mello
22/01/2016 

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