segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Gaivotas

Eu, ali,
extenso e pouco.
A rua tão comprida
fazendo uma praça em seu contorno.

Dois velhos sentados jogando damas
para o mar olhando
assim como o mar
olhava para eles.

Dentro de mim,
gaivotas voavam ao sabor de
meus sentimentos.
Elas talvez perdidas, talvez errantes.

E as ondas do mar
a voltar e ir
num querer dizer
e não falar coisa alguma.

Se o mar batesse nas pedras
como batia o meu coração,
não haveria mais pedras a se contar pelo mundo.

Um som de mim mesmo
brotava dentro de mim.
Queria ele dizer, talvez, um conselho
e dizer para que eu usasse galochas na chuva.

A minha sorte era que sentimentos nada diziam.
Eram apenas sentimentos.
Uma sagaz melodia
me corria nas veias.

E me batia uma vontade imensa
de continuar sendo.
Desconstruía-me procurando
refazer algo em mim que se fizera de novo.

E o belo, aos poucos,
era eu
e o mar também a olhar os velhos.

Caio Mello
10/01/2011

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