quarta-feira, 25 de julho de 2012

A independência dos sonhos


Os sonhos não foram feitos para se tornarem realidade.
Eles são uma realidade diversa.
Não importa o que fazemos: se jogamos eles num canto da sala,
se levamos eles ao limite, se batalhamos cada dia.

Eles vão continuar existindo.
Estão, ao mesmo tempo, dentro e fora de nós.
Podemos preencher-nos com nossos sonhos
ou permanecer vazios.

Os sonhos são o nosso estofo.
São eles que dão forma ao nosso corpo, à nossa alma.
É como o algodão que vive nas entranhas
dos bichos de pelúcia.

Os sonhos não podem ser tocados diretamente,
não podem ser medidos, não podem ser calculados.
São a medida mais perfeita do caos.
Mesmo assim, geram harmonia em nossas vidas.

Ignorá-los é como ignorar uma perna
e decidir deixar de andar.
É possível viver sem eles.
Eles também podem viver muito bem sem nós.

Podemos sufocá-los, colocá-los em pequenos frascos de vidro,
guardá-los na estante mais alta do armário de nossa personalidade,
moê-los em pó e jogá-los ao mar, cortá-los em pequenas rodelas...
Podemos até engoli-los. Mas não podemos destruí-los por completo.

Em outra dimensão, talvez nas estrelas, talvez fora da Via Láctea,
eles ainda vão pulsar. Continuarão existindo.
É impossível matar um sonho.
Um sonho só morre quando quem o sonha também deixa de viver.

Isso quer dizer que há dois tipos de suícidio possíveis:
ou matamos a carne e esvaímos o sonho
ou matamos o sonho e secamos a carne.
Ambos independentes, porém indissociáveis.

Toda mente sonha. É inegável.
E os sonhos são altamente flexíveis.
Podem ser permeados de dragões, monstros, magos e selvas.
Ou podem ser completamente objetivos e cheios de cifras.

Eles são o reflexo mais direto da personalidade de um indivíduo.
Com o que sonhamos? Com nós mesmos.
Sonhamos com o nosso futuro, com a nossa paz,
com a nossa meta final.

Viver é ter como meta atingir o sonho.
E o sonho é a parte da utopia que está mais perto de nós.
O sonho nos une, nos conforta,
nos cria desde a infância.

Nós também criamos nossos sonhos.
Damos crença, fé e apoio desde o nascimento.
Desde o dia em que pensamos nossa primeira ideia,
já estamos sonhando.

Cada sonho é único. Não há, no mundo inteiro, dois sonhos idênticos.
Cada mente, cada ser, cada indivíduo vislumbra as estrelas de um modo diferente.
E sonhar é ver que somos feitos de estrelas,
é o ato de juntar a carne com a imensidão.

Não basta apenas deixar o sonho próximo.
É preciso nutri-lo, alimentá-lo. Dar-lhe esperanças.
O sonho também deve ter com o que se alegrar.
Ele deve manter-se forte.

E toda vez que deitamos nossa cabeça e fechamos os olhos,
entramos no outro mundo para encontrar os sonhos.
E eles se deitam, também, entrando em nosso mundo.
Por trás das pálpebras fechadas, encontram as pessoas.

Caio Mello
25/07/2012

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