terça-feira, 17 de julho de 2012

Aperto


O poema sufocado
não consegue sair de seu quarto.
Fica preso entre a estante de livros
e a cama.

A janela possui grades.
(furtos, roubos, assassinatos)
A porta permanece fechada.
Fotos de crianças fantasiadas na mesa.

Os móveis de madeira antiga.
O dia ainda persiste, nem as estrelas do teto podem brilhar.
O lençol da cama muito bem estendido
soslaia o poema.

Um copo de água pela metade permanece na mesa de cabeceira.
Raquetes de tênis dentro do armário.
O poema solta um espirro.
Canetas num copo de plástico.

O travesseiro por debaixo da coberta.
A pilha de camisetas dentro do armário.

Tudo numa pequena bola vidro.
Ela tem, em seu ventre, água e neve.
O poema não respira lá dentro.

Caio Mello
17/07/2012

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