Seu corpo é belo.
Suas coxas sujas misturam-se com o pó.
Está enterrada num monte de terra, tecido e olhar.
Suas curvas deslizam vagarosamente pela sala.
O ambiente é escuro.
Pouca luz passa pela janela.
Seu peito arfa suave quando se deita.
Sua barriga alinha-se com o chão.
Ali, esfarrapada.
Entrega-se numa quietude resignada.
Seus cabelos longos esparramam-se ao longo de sua silhueta,
desejando-a toda.
À primeira vista, parece fraca. Delicada.
Mas o primeiro olhar a entrega. Deliciada.
Não se importa com detalhes.
Sua mão é forte, seu pulso, firme.
Abre os lábios e boceja devagar.
Suas roupas demonstram.
Os pés descalços correram muito.
Ela limpa os olhos com as costas da mão direita.
Entrega-se somente a si mesma, resoluta.
Larga suas roupas displicentes num canto da sala.
Anda até o banheiro.
Banha-se por anos.
Caio Mello
03/07/2012
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