sábado, 7 de julho de 2012

O cravo e a rosa


João Cravo era um floricultor famoso em sua cidade.
Conhecia todas: a bromélia, a orquídea, a margarida, a tulipa...
Sabia como criá-las, onde plantá-las,
sabia tudo.

Mas se tinha um tipo
de flor que o famoso
floricultor não
vendia era a rosa.

Todos namorados
Queriam comprar
a tal flor vermelha
nunca antes vendida.

Mesmo com tantos pedidos,
João Cravo não as vendia.
Rosas não vendo;
nem sacrifício estupendo
há de me fazer vendê-las!
Não vendo rosas!

O mais estranho era que João Cravo
cultivava uma única roseira em sua casa.
Regava-a todos os dias, cuidava da terra,
adubava, podava e deixava ao sol.

Os vizinhos inclusive
ouviam uma conversa
entre o homem e a planta
em diversos fins de tarde.

Como vai, minha bela?
Tem dormido bem?
E o cão do vizinho?
Está sempre zangado!

Meu dia foi calmo.
Vendi muitas flores,
fiz vários arranjos,
ajudei namoros...

E assim por diante.
Começava ano, acabava ano e todos perguntavam ao Cravo a mesma coisa:
Quando vai vender as suas rosas?
Mas o famoso nem sequer se dava ao trabalho de responder.
Oferecia outras plantas, outros modelos e logo fugia do assunto.

Diziam que João Cravo morava sozinho
e que, por isso, ele conversava com sua roseira.
Era uma relação de cumplicidade
e de afeto.

Tentaram roubar-lhe a roseira uma vez.
Cravo ficou aos prantos, suplicando que o ladrão
lhe devolvesse a sua melhor amiga.
O infrator, arrependido, devolveu a planta intacta.

Mas logo deu-se um caso.

João chegou em casa super cedo
e ficou conversando com a rosa.
De todas, era sempre a mais vistosa.
Cravo disse do mais novo segredo.

Logo depois, já voltou para casa.
Pensou na sua flor com tom de brasa.
Alguém entrou pela porta detrás.
Entrou uma mulher linda demais.

Oi, Cravo lindo, fiquei com saudades!
A mulher deu um beijo em João
e, depois, foi logo sentar-se à mesa.

O Cravo amoleceu seu coração.
Oi, Rosa, minha rainha beldade!
 João sentou com a maior beleza.

Os dois
jantaram
naquele dia.

Caio Mello
07/07/2012

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